28/04/2009

Assim sou eu ...

A poesia é a minha arma secreta.
Com ela faço acontecer a vida,
faço acordar coisas adormecidas,
faço tudo à minha volta mais bonito.
E é disso que eu gosto.
É isso que tanto me satisfaz,
a beleza da vida.
Não me refiro à natureza em si,
porque essa já é bastante perfeita.
As rosas, por exemplo,
não poderiam ser mais bonitas do que elas já são,
ainda que não haja uma só igual a outra.
Os malmequeres, por exemplo,
não serão nunca mais puros do que eles já são.
O mar não pode ser mais atraente do que já é
e os rios, as correntes de água doce,
não podem ser mais frescas do que já o são.
Mas as pessoas podem sempre, sempre,
ser mais bonitas, mais perfeitas.
Para a alma humana não há limite de harmonia,
brilho e perfeição.
Ela sobe ou desce até onde nós quizermos,
porque nascemos com o dom da liberdade.
A poesia não se encomenda, não se calcula,
não tem local nem hora marcada.
Acontece, simplesmente...
assim sou eu
e a vida é uma coisa maravilhosa
que está sempre a acontecer
e sempre a surpreender, também.
O mar, transbordante de energia,
diferente todo o dia,
debatendo-se contra as rochas,
quebrando o silêncio da noite,
da natureza em repouso...
que bom... o mar nunca dorme!
O mar, tão grande, tão imenso, acariciando a terra,
esbatendo-se no céu até se extinguir a linha do horizonte…
é lá que mora o segredo, o desconhecido.
Na distância, no tempo, no vazio.
O impenetrável. O resplandecer da madrugada
e o desenhar da noite escura.
É lá que brilham as estrelas, que nasce e se põe o sol.
É lá que Vénus e Marte se encontram às escondidas
e segredam sobre o destino dos homens.
Mas o segredo continua sempre intacto, por desvendar,
por mais que a vida role ou desenrole,
por mais que as nuvens chovam
por mais que brilhe o sol,
porque o segredo é a alma da vida
porque o segredo é a vida.
Assim sou eu.

Abril/95

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