Perdido nos escombros do além,
debruçado sobre as muralhas de ninguém,
coberto de nuvens de suaves recortes
sobre a orla do vale, de sentimentos fortes,
em lágrimas desvanecidas de tantas vidas,
soa um tilintar de pedras coloridas
num sublime sofrimento de dor intensa,
a morte e a vida numa alegria imensa,
exalam um suspiro perfumado
que a brisa leva em seu cuidado,
sem amargura, sem ódio, sem mágoa,
um lago azul, transparente como a água
no vale dos anjos
num sopro regenerado
devoto e encantado
reina a nobreza
governa a subtileza.
(À memória de David Mourão Ferreira)
17.06.1996
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