A poesia
traduz o limiar do meu lado sensível,
do meu ser o mais fragilizado,
do meu canto o mais obscuro.
É o meu terreno totalmente permeável,
onde a emoção, no auge da sua fertilidade,
flui e desliza, fácil, fácil...
Porque, através da poesia
se desenrola e desenvolve
todo um complexo processo giratório,
de descoberta e aceitação,
à volta do qual, nem sempre sei quem sou.
Porque tudo tem a ver comigo
e ao mesmo tempo, nada.
É quando me perco por completo
nos parâmetros duma falsa realidade,
num desfazamento entre o tempo e a distância,
onde fico irremediavelmente perdida,
inutilmente esquecida.
É quando me abandono e me ausento
num espaço que, não dando lugar
a uma nobre e real existência,
não deixa por isso de ser só e tanto meu,
quando me canso de ser sempre,
sempre, eu.
17.05.93
Deixa,
deixa…
Deixa a vida acontecer
Deixa o dia amanhecer
A tristeza esmorecer
A roseira florescer
O caminho percorrer
A saudade a escorrer
Deixa o sol resplandecer
A fruta amadurecer
O sonho permanecer
Deixa o calor aquecer
A energia correr
A alegria vencer
Deixa,
deixa…
O Caos
O caos soa distante
Devagar… vai-se aproximando
Contente, vem cantando
Vem chegando
Devagar, devagarinho,
Aos poucos
Encontra o caminho
Canta
Dança
E assim avança
Vai assustando
E barafustando
Matando a alegria
E tudo o que ela trazia.
Virou o caminho de pernas para o ar
Depois do mal feito pôs-se a andar.
(28.04.2022)
Esperança
Rio que corre no leito
Lágrimas
que flagram no peito
De um
tempo que avança
Sem
muita esperança
Saudades
que o tempo carrega
Barca
que sem rumo navega
Céu
cheio de azul que não se vê
Livro
onde sem luz nada se lê
Poeira
varrida pelo vento
Vida
que se perde sem alento
Caminho
que se abre ou que se fecha
No
meio de uma balada de tormento
Agora
e sempre uma esperança
Ou apenas
e somente uma lembrança.
(25.03.2022)
(6/8/2018)
A Liberdade não é uma conquista, nem um
desafio, nem um passatempo.
A Liberdade é um Dom.
(Maio/2001)
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