30/04/2009


A poesia

traduz o limiar do meu lado sensível,
do meu ser o mais fragilizado,
do meu canto o mais obscuro.

É o meu terreno totalmente permeável,
onde a emoção, no auge da sua fertilidade,
flui e desliza, fácil, fácil...

Porque, através da poesia
se desenrola e desenvolve
todo um complexo processo giratório,
de descoberta e aceitação,
à volta do qual, nem sempre sei quem sou.

Porque tudo tem a ver comigo
e ao mesmo tempo, nada.

É quando me perco por completo
nos parâmetros duma falsa realidade,
num desfazamento entre o tempo e a distância,
onde fico irremediavelmente perdida,
inutilmente esquecida.

É quando me abandono e me ausento
num espaço que, não dando lugar
a uma nobre e real existência,
não deixa por isso de ser só e tanto meu,
quando me canso de ser sempre,
sempre, eu.


17.05.93




O Caos

 

O caos soa distante

Devagar… vai-se aproximando

Contente, vem cantando

Vem chegando

Devagar, devagarinho,

Aos poucos

Encontra o caminho

Canta

Dança

E assim avança

Vai assustando

E barafustando

Matando a alegria

E tudo o que ela trazia.

Virou o caminho de pernas para o ar

Depois do mal feito pôs-se a andar.

 

(28.04.2022)






Esperança 

 


Rio que corre no leito

Lágrimas que flagram no peito

De um tempo que avança

Sem muita esperança

Saudades que o tempo carrega

Barca que sem rumo navega

Céu cheio de azul que não se vê

Livro onde sem luz nada se lê

Poeira varrida pelo vento

Vida que se perde sem alento

Caminho que se abre ou que se fecha

No meio de uma balada de tormento

Agora e sempre uma esperança

Ou apenas e somente uma lembrança.


 (25.03.2022)







O sol nascente
O sol poente
                E eu espero
                               Espero
E tudo recomeça novamente
                A dor mais longa
                O inferno ardente
Os dias são tão verdes
E o verão tão quente
Sonhar
Recordar
                Acorrentar
O jardim da infância não morreu
O jardim da infância ainda é meu.


(6/8/2018)






A Liberdade não é uma conquista, nem um desafio, nem um passatempo.

A Liberdade é um Dom.


(Maio/2001)





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